VPD Orlando - Vai Pra Disney
13 maio, 2020

Reabertura da Disney Shanghai e o futuro de Orlando

A Disneyland Shanghai foi o primeiro parque da Disney a passar pelo processo de reabertura após a pandemia, uma luzinha no fim do túnel para quem imagina como será a reabertura dos parques em Orlando. Como a China está alguns passos à frente do Brasil e dos EUA na curva de infecção e agora vive um momento em que conseguiu conter o avanço do coronavírus, foi lá que a Disney precisou reimaginar a experiência dos parques para se adaptar ao tal “novo normal” que visa garantir a segurança dos visitantes e funcionários da Disney.

Cada complexo da Disney pelo mundo tem suas particularidades, e como o próprio Bob Chapek já disse, nem todas as políticas aplicadas em Shanghai necessariamente farão sentido para a Disney em Orlando ou na Califórnia, mas entender as mudanças realizadas na Disneyland Shanghai para permitir o distanciamento social e segurança com certeza nos ajudam a entender o que devemos esperar para a reabertura de Orlando sim.

Pensando nisso, meu objetivo aqui é explicar as principais medidas tomadas pela Disney na China e explorar um pouquinho nossas opiniões, especulações e questionamentos mesmo sobre como deve funcionar para Orlando.  

Mudanças no funcionamento dos parques

Limitação da quantidade de visitantes

Como é na China?

Para manter distanciamento social, nada mais lógico do que primeiro controlar a quantidade de pessoas que podem entrar, né? A Shanghai Disneyland está operando com menos de 30% da capacidade máxima de visitantes. Com capacidade máxima de 80.000 visitantes por dia, o parque estará nesse primeiro momento recebendo menos de 24.000 visitantes.

Para controlar o fluxo, a Disney de Shanghai só tem vendido ingressos para datas marcadas previamente. Como por lá a Disney só possui um parque, realizar este controle por data fica bem mais fácil.

Foto da DIsney de Shanghai mostrando os visitantes praticando o distanciamento devido à pandemia, com marcações no chão onde devem ficar.
Delimitação no chão de onde os grupos podem ficar

O que esperamos para Orlando?

A redução de ocupação dos parques é uma das medidas mais básicas para garantir a segurança e deve ser aplicada com o mesmo rigor em Orlando e Califórnia. Apesar disso, ainda não está claro como a Disney fará este controle, dada a complexidade adicional que os parques de Orlando especialmente oferecem.

Enquanto em Shanghai a Disney tem um parque, em Orlando são quatro. Até agora, a maior parte dos ingressos da Disney já é vendido com uma data de início de uso, mas não com o parque definido.

Possivelmente, a Disney crie algum sistema em que você precise reservar qual parque vai visitar cada dia ou outras medidas similares para garantir que todos eles fiquem dentro dos limites de capacidade pré definidos.

Além disso, outra diferença importante é que o público dos parques de Orlando compra ingressos com mais antecedência do que o público chinês, de acordo com o CEO da Disney. Ainda que a Disney resolvesse começar a vender ingressos para datas pré determinadas em cada parque (o que eu acho que seria mega complicado), ela teria que pensar em uma outra alternativa para as milhares e milhares de pessoas que já possuem ingresso para uso futuro.

Foto de uma multidão no Magic Kingdom, com o balão do Mickey e da Minnie que faz parte da parada ao fundo.
Os parques devem abrir com uma capacidade bem menor

Pessoalmente, acho que um sistema de agendamento faria mais sentido para garantir alguma margem de manobra nos seus planos de férias e não complicar ainda mais o já complicadíssimo processo de escolha e compra dos ingressos da Disney.

Em um possível período de adaptação em Orlando, outro fator super importante é entender se os quatro parques reabrirão ao mesmo tempo ou se a Disney optará por uma abertura gradativa para se ajustar melhor às novas medidas de segurança. Tudo indica que uma abertura gradativa (começando com um parque teste e reajustando a partir daí), faria mais sentido, mas nesse caso, como seria com os ingressos?

Uma possibilidade seria essa reabertura parcial para uma parcela menor de visitantes, possivelmente apenas os portadores de passe anual ou residentes da Flórida.

Distanciamento nas filas e atrações

Como é na China?

Para evitar a aproximação de pessoas que não são do mesmo grupo, foram implementadas marcações no chão nas filas e nos corrimões para determinar onde as pessoas não podem ficar paradas. O vice-presidente do complexo mencionou que depois de alguns estudos e testes, optaram por determinar onde não se pode ficar ao invés de indicar onde se poderia ficar (eu tinha entendido errado quando vi as primeiras fotos, mas agora já aprendi! hehe).

Foto da Disney de Shanghai mostrando as marcações no chão colocadas para instruir a respeito da distância que os visitantes devem manter um do outro
Imagem: Disneyland Shanghai

Colocaram também marcações no chão para delimitar onde é permitido ficar para assistir apresentações de personagens e o show na frente do castelo.

Foto da Disney de Shanghai mostrando as marcações no chão colocadas para instruir a respeito da distância que os visitantes devem manter um do outro nos shows e paradas
Imagem: New China

Nas atrações, foi mostrado um barco no estilo do Jungle Cruise com demarcação para onde cada um pode sentar, e com o espaço central indisponível. Assim, diminui a aproximação de pessoas sem comprometer muito o fluxo de visitantes.

Foto da Disney de Shanghai mostrando as marcações da distância que os visitantes devem manter um do outro em uma atração
Imagem: New China

Na atração do Piratas do Caribe, os barcos só estão levando cerca de 1/3 dos visitantes, com uma fileira do barco vazia entre cada fileira ocupada. Além disso, em cada fileira sentam apenas 3, onde caberiam 5.

Foto da Disney de Shanghai mostrando os visitantes sentados com uma fileira vaga entre os grupos em uma atração
Imagem: New China

O que esperamos para Orlando?

A princípio, o distanciamento e as demarcações no chão e nas atrações para garantir que as medidas sejam respeitadas deve acontecer em Orlando de forma bem similar a que acontece hoje na Ásia.

O desafio talvez seja um pouco maior para garantir a cooperação de todos os visitantes, já todas essas regras e limitações são muito impactantes culturalmente para os americanos (e brasileiros). Quem nunca viu alguém levando aquela bronquinha gentil dos funcionários da Disney por estar do lado errado da fita ou da linha amarela, né? Agora todo mundo vai precisar respeitar essas marcações.

Higiene

Como é na China?

As áreas de alto contato estão em constante limpeza, como lixeiras, bancos e grades. Na saída de todas as atrações tem estações de álcool gel para os visitantes usarem na limpeza das mãos.

O que esperamos para Orlando?

Além da limpeza constante das áreas comuns, como já é feito na China, existe um grande desafio da limpeza dos carrinhos das atrações. A alternativa encontrada na China foi a oferta de álcool gel na entrada e saída das atrações, mas não é exatamente a mesma coisa, né? Ainda é super importante evitar levar as mãos ao rosto por exemplo, o que com criança pequena é sempre complicado de garantir.

A Rê tem toda uma teoria de que poderiam dividir os carrinhos das atrações contínuas (essas que não dá pra parar pra limpar entre um visitante e outro) em dois grupos, em revezamento. A idéia é ocupar só os carrinhos de um grupo, enquanto os do outro grupo é higienizado por uma equipe de limpeza em movimento mesmo (eles já limpam carrinhos em movimento lento desde sempre). É claro que isso significaria um custo de operação ainda maior e uma ocupação ainda menor (talvez inviável para os parques), por isso provavelmente não foi uma alternativa divulgada até agora.

Foto da atração It's a Small World com dois visitantes no primeiro e o carrinho seguinte vazio.
Uma possibilidade seria operar com menos carrinhos

Outra idéia da Rê, que vive na pele esses desafios de parque com crianças pequenas, é de oferecerem lenços antisépticos, como já fazem em tantos supermercados. Assim, cada adulto (com ou sem crianças) poderia passar um paninho nos carrinhos e se sentir mais confortável com o nível de limpeza. Mas essa é só mais uma das alternativas que a gente discute aqui, ninguém da Disney nunca falou nada nesse sentido.

Nas reuniões do comitê de reabertura de Orange County, foi mencionado que uma das possíveis orientações para parques temáticos seria disponibilizar álcool gel na entrada e saída de cada atração como na China. Eles também falaram sobre a necessidade dos visitantes verem a limpeza acontecendo para se sentirem mais seguros.

Vale lembrar que antes dos parques fecharem em Orlando, algumas estações para lavar as mãos foram instaladas em alguns (poucos) locais. Sinceramente, não vejo como os parques reabrirem sem oferta massiva de álcool gel e estações para se lavar as mãos, mas acho que será necessário acompanhar para ver se apenas essas medidas serão o suficiente ou se precisarão pensar em algo para os carrinhos também.

Foto de uma mão com uma MagicBand amarela no pulso pegando sabão em um dispenser automático na estação de higienização
Antes do fechamento, os parques de Orlando estavam com algumas estações de higienização

Lojas

Como é na China?

A quantidade de visitantes dentro das lojas é controlada de forma a garantir o distanciamento social. Se a loja na saída de uma atração estiver lotada, os visitantes serão encaminhados para outra saída alternativa.

Não foi mencionado nada sobre proibição de tocar nos objetos ou experimentar chapéus e outros itens, como todo mundo faz nos parques.

Foto do dispenser de sabão em uma estação de higienização dos parques da Disney
Imagem: New China

O que esperar em Orlando?

Acredito que incialmente pode ser que a Disney tente algo como na China, mas acho que será muito mais complicado em Orlando, evitar que as pessoas fiquem pegando os produtos, abraçando os bichinhos de pelúcia e coisas do tipo.

Talvez eles precisem criar vitrines fechadas ou soluções nesse sentido, o que com certeza diminuiria as vendas de impulso e impactaria ainda mais o resultado da Disney, que tem uma parcela grande do seu faturamento de parques vindo das lojas. Quem sabe eles comecem a criar “vending machines”, mostruários virtuais e compras pelo celular, ou outras soluções bem diferentes mesmo. Ainda estou quebrando a cabeça para pensar em possíveis alternativas aqui. Vocês tem alguma idéia?

Foto de uma mão segurando um Pumba de pelúcia, com outras pelúcias do Rei Leão ao fundo
Difícil evitar que as pessoas encostem nos produtos!

Restaurantes

Como é na China?

Os restaurantes estão operando com 50% da capacidade, com mesas vazias entre si e também com marcações no chão de onde você pode ou não ficar.

Nas estações de pagamento tem álcool gel para todos os visitantes usarem após manusear carteira, dinheiro, cartão ou celular.

Foto de um repórter entrevistando uma atendente de caixa na Disney de Shanghai, ambos de máscara, em uma reportagem sobre a reabertura do parque
Imagem: New China

O que esperamos para Orlando?

A gente deve ver uma presença ainda maior do sistema de Mobile Order, alternativa já bem consolidada nos parques em Orlando e na Califórnia. Explicamos melhor como ele funciona aqui, mas esse sistema permite que os visitantes façam seus pedidos sem interagir com um funcionário e sem tocar no dinheiro – tudo pelo celular.

O funcionamento de restaurantes com buffet será um ponto importante e ainda não muito discutido nessa reabertura de Shanghai. Com uma possível reabertura dos hotéis de Orlando antes dos parques, a gente pode esperar algumas novidades e mudanças no funcionamento deles – talvez mudando para “estilo família” (como o Garden Grill ou o Whispering Canyon Cafe) em vez de buffet.

Foto de uma placa em um restaurante da Disney que diz "Mobile Order Pick-up"
O Mobile Order deve ser ainda mais usado

Encontros com personagens

Como é na China?

Uma das experiências mais icônicas da visita aos parques é o encontro com personagens. Por conta da restrição de contato próximo, os personagens estão fazendo encontros diferentes dos tradicionais após a reabertura.

Eles andam pelo parque, quase como em uma procissão, e os visitantes podem acenar de longe e tirar selfies também de longe. Ainda por tempo indeterminado não é permitido chegar perto, abraçar, nem encostar neles.

Foto de diversos personagens de Toy Story na Disneyland de Shanghai - Jesse, Woody e outros.
Imagem: @gourmetdyy

O que esperamos para Orlando?

Eu sei que muita gente acha frustrante não poder abraçar seu personagem preferido, mas hoje, a solução encontrada pela Disney parece ser a melhor alternativa mesmo.

Converse com a Rê se você tiver achando exagero, e ela vai te contar das duas vezes que a Juju pegou virose nos parques, muito provavelmente beijando personagens. Virose “normal” a gente medica e fica tudo bem. Mas hoje ninguém vai querer se expor assim, né? Nem a Disney vai querer expor seus visitantes ou seus personagens. O abraço no Mickey deve mesmo precisar ficar para um segundo momento.

Foto da personagem Jesse, de Toy Story, posando para fotos no ponto de encontro com visitantes.
As interações com personagens devem ser mais distantes por algum tempo

Shows noturnos e paradas

Como é na China?

A parada Mickey’s Storybook Express é apresentada em uma versão reduzida, e por enquanto não está sendo exibido o show de fogos noturno por lá, também para garantir o distanciamento social.

Foto do Mickey no trenzinho da Disneyland Shanghai acenando para a câmera.
Imagem: @ThrillGeek

O que esperar em Orlando?

Pessoalmente, acho que algumas coisas devem ser como na China e outras nem tanto. Aqui a diferença dos complexos também tem um papel importante e abre espaço para novas perguntas (ainda sem respostas oficiais).

A parte que acho que deve ser igual à China é a da parada, e mesmo assim acho difícil imaginar como vão fazer para garantir o distanciamento em Orlando. Até então, este era um dos momentos de maior aglomeração.

Já os shows de fogos, acho que cada parque poderá tentar alternativas diferentes na sua reabertura. No Magic Kingdom por exemplo, é mais complicado de pensar em show noturno sem aglomerações, mas no Epcot há mais espaço para ver o espetáculo com certo distanciamento. O mesmo vale para o Animal Kingdom ou para o anfiteatro do Hollywood Studios com capacidade reduzida. Será que vão conseguir trazer alguma alternativas nesses espaços? Alguém arrisca um palpite?

Foto do show de fogos do Magic Kingdom, com o castelo iluminado em azul e rosa, o céu escuro e os fogos estourando.
Difícil imaginar fogos sem aglomeração, né?

Como você pode ver, a gente ainda não tem muitas respostas, mas já vai conseguindo imaginar um pouquinho dessa nova experiência nos parques. Acho que a primeira reação de todo mundo é um estranhamento, né? Mas se aprendemos alguma coisa nessa loucura, é como somos capaz de nos adaptarmos a muita coisa.

Cada um vai ter que avaliar se a nova experiência depois da reabertura dos parques fará ou não sentido para o seu grupo, mas eu pessoalmente acho que assim como vamos ter que nos adaptar em outros aspectos do dia a dia por um tempo, saberemos nos adaptar e aproveitar os parques de uma maneira nova também – desde que você se sinta bem, seguro e consiga aproveitar nesse novo contexto.

Para quem quiser ver mais, a CNN publicou um vídeo mostrando mais sobre o funcionamento do parque na reabertura.

E semana passada, a médica-chefe da Disney World revelou planos e intenções para a reabertura do complexo, como contamos aqui, e são muitas dessas medidas já implementadas em Shanghai.

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